
Crianças na Praça Albertina de Castro Prestes na década de 70 (Foto: Acervo/Gazeta)
Sem a devida lembrança e pouco comemorado, com raras exceções, o aniversário de Fundação de Araçariguama, na grande maioria das vezes pouco representa para a população. Conforme constatado pela reportagem, a data não traz significado algum para muitos munícipes. A reportagem foi às ruas e ouviu pessoas de diferentes faixas etárias. Das que se lembraram do Aniversário de Fundação, o maior número foi de cidadãos de idade mais avançada.
Data
Embora alguns historiadores considerem o ano de 1640 como o de fundação do município, em razão das cartas de sesmarias e das fazendas estabelecidas na região, a única referência oficial sobre o dia 8 de Dezembro corresponde às festividades em comemoração da criação da Paróquia de Araçariguama, que ocorreu no ano de 1653. Compreender que a determinação eclesiástica de se oficializar povoados por meio de “Paróquias” e “Freguesias” – regulamentada pela vinculação entre Igreja e o Estado no Brasil Colônia – é decisiva para aceitar o 8 de Dezembro de 1653 como a data oficial da Fundação de Araçariguama.
Dados Históricos
Registrada pelo colunista Didi Pereira, estudioso das origens de Araçariguama, e, do historiador Elias Silva, a história do município se mistura às de Santana de Parnaíba, da qual o povoado araçariguamense pertencia.
A terra do Araçaris – pequenos pássaros da família dos Tucanos, e que deu origem ao nome do povoado – seguia tradições e costumes do Brasil Colônia e era pouso para Bandeirantes que se dirigiam à Porto Feliz, de onde partiam em navegações (conhecidas como Monções) pelo rio Tietê atrás de ouro na região de Mato Grosso, e, também de grupos que desbravavam o sertão paulista.
Terra rica e produtiva, era mantida por fazendas de produção agrícola e alguns poucos exploradores de ouro.
Entre os mais ricos fazendeiros, destaques para Gonçalo Chassim e o Padre Guilherme Pompeu de Almeida, um dos nomes mais importantes para Araçariguama. Na época os senhores de terra já haviam edificado as Capelas de Nossa Senhora da Conceição do Ibituruna, Nossa Senhora da Piedade e Nossa Senhora da Conceição de Araçariguama.
A presença constante de desbravadores e de homens influentes junto à Coroa, a região foi ganhando importância e relevância, até que, em 1653, as Capelas de Araçariguama que contavam grande número de fiéis em suas missas, por estarem mais próximas em relação à distância que as separavam de Santana de Parnaíba, permitiu que a Câmara Episcopal de São Paulo viabilizasse a criação de uma nova paróquia.
E assim foi feito. Em outubro de 1653 foi criada (Conforme registro no livro I da Câmara Episcopal) a Paróquia de Araçariguama, sendo a mesma direcionada à Capela de Nossa Senhora da Penha, que passaria a ser, a partir de então, a Padroeira do povoado.
No entanto, a sagração da Paróquia só ocorreu no dia 8 de Dezembro de 1653, data em que oficialmente se desmembrou de Santana de Parnaíba e foi oficializada a sua elevação sob a invocação de Nossa Senhora da Penha.
Esse é o único documento oficial que relata a existência de t al povoado e por conseguinte de um núcleo populacional, conforme os ditames administrativos da época. Compreender que a determinação eclesiástica de se oficializar povoados por meio de “Paróquias” e “Freguesias” – regulamentada pela vinculação entre Igreja e o Estado no Brasil Colônia – é decisiva para aceitar o 8 de Dezembro de 1653 como a data oficial da Fundação de Araçariguama.
Após a criação da Paróquia houve grandes sinais de desenvolvimento. A chegada de novos e ricos moradores, entre os quais Sebastião Raposo e João Rodrigues da Fonseca, Gonçalo Bicudo e os irmãos Fernão Paes de Barros e Pero Vaz de Barros (este fundador da cidade se São Roque), trouxe a introdução de escravos (índios e negros), fazendo com a Paróquia adentrasse o século XVII com opulência, nobreza e população iguais ou superiores (em dados momentos) à da Vila de Santana de Parnaíba.
Documentos da época existentes no Arquivo Nacional na Cúria Metropolitana e no Arquivo do Estado de São Paulo, sobretudo os da natureza fiscal, dão a dimensão da riqueza e importância dos moradores de Araçariguama.
Veja fotos dos anos 1970 que registram parte da história de Araçariguama

Igreja Matriz e acesso à Fazenda Cintra Gordinho (Foto: Acervo/Gazeta)

Vista da região central do então Distrito de Araçariguama (Foto: Acervo/Gazeta)

Visão geral da cidade (Foto: Acervo/Gazeta)

Capela que remonta ao século XVII no Bairro Rio Acima (Foto: Acervo/Gazeta)

Localização do município em referência à outras localidades (Foto: Acervo/Gazeta)

Fazenda Cintra Gordinho e, ao fundo, área em que hoje é o Bairro Cintra Gordinho (Foto: Acervo/Gazeta)

Ruinas de construção Jesuíta no Bairro Rio Acima, lembrando a áurea época de Fundação de Araçariguama (Foto: Acervo/Gazeta)

Ruinas de construção Jesuíta no Bairro Rio Acima, lembrando a áurea época de Fundação de Araçariguama (Foto: Acervo/Gazeta)

Ruinas de construção Jesuíta no Bairro Rio Acima, lembrando a áurea época de Fundação de Araçariguama (Foto: Acervo/Gazeta)
One Comment
Eraldo
Necessária a introdução e muito bem feita, no decorrer do texto transmitiu tecnicamente dados sobre a cidade que hoje comemora o norteamento do seu modo de produzir socialmente, dados esses que são o mínimo que toda pessoa com capacidade plena tem que saber!
Coloco outra reflexão perante a data presente, o pleito municipal do ano de 2020, resultou na volta da aristocracia no executivo, com representante direto. Vou finalizar minha análise e desejo aos aristocratas que desenvolvam nosso município e civilidade nas pessoas, para aqui atingir uma vida harmônica de se viver.
Parabéns pela matéria. (faltou os créditos)!